COMENTÁRIO CRÍTICO SOBRE O LIVRO ‘’ O DIABO DOS NUMEROS ‘’
Matemática, segundo o Minidicionário da Língua Portuguesa é:
“Ciência das grandezas e formas no que elas tem de calculável e mensurável, isto é, que determina as
grandezas umas pelas outras segundo as relações existentes entre elas.(BUENO,2000, pag 500)”
Pela definição dada à Matemática, percebe-se que esta ciência trabalha com as questões exatas, porém
intrínsecas ao universo em que se desenvolve, intimamente relacionada ao cotidiano e sua
aplicabilidade.
O livro de Enzensberger, O Diabo dos Números, entre seus méritos, tem um grande destaque: trabalhar
com o sentimento de medo, que em geral as pessoas costumam desenvolver pela disciplina de
Matemática. Para tal, o autor utiliza personagens na história que representam estereótipos significativos.
Robert, o garoto assustado que tem constantes pesadelos e prováveis problemas com a Matemática na
escola, representa qualquer aluno que sofre com os mesmos problemas ou até mesmo outros
problemas. Seus sonhos são significativos e representativos até o momento em que se revelam e
culminam com o aparecimento de Teplotaxl, o diabo dos números, personificando o medo revelado neste
momento pela Matemática.
É possível, sob um análise superficial é claro, relacionar todos os sonhos que Robert tinha, com o seu
pavor pela Matemática. Todas as situações sonhadas demonstram uma percepção de “falta de saída”,
ou seja, algo pelo qual é necessário passar, porém é praticamente impossível superar, que no caso dos
sonhos de Robert aparecem em forma de abismos ou animais gigantes, ou frio intenso que congela, ou
calor no deserto e sede constante sem água, ou seja, o menino não consegue superar sozinho os
obstáculos de seus sonhos, sendo necessária a ajuda do diabo dos números ou em último caso o
despertar.
Esta postura do garoto e a forma com que se refere a Matemática e posteriormente ao diabo dos
números, demonstra um quadro de baixa auto-estima, que acarreta um ciclo vicioso capaz de afetar a
outros setores da vida desta criança, iniciado no pavor pela Matemática e tomando aos poucos outras
formas.
Não é citado no livro, até porque o centro das atenções é o menino Robert e sua história, tentativas por
parte do professor em ensinar matemática de uma forma diferente, semelhante talvez aos métodos
utilizados pelo diabo dos números. É interessante observar em uma certa parte do livro, quando o garoto
fala mal de seu professor e o diabo dos números de certa forma “defende” o Senhor Bockel, situando o
professor na realidade docente do mesmo, citando seus compromissos com diários de classe, programa
de disciplina, turmas, turnos...A forma de demonstrar e não apenas de ensinar os conteúdos que vão se
apresentando ao garoto Robert em cada sonho, são um destaque deste livro. A linguagem não formal
utilizada pelo diabo dos números, embora não correta pela norma, como é citado no aviso final do livro, é
justamente o diferencial desta obra. Isto demonstra que a aprendizagem não é única, é multilateral,
ocorrendo de formas diferentes e por vezes imprevistas. Igualmente feliz, são as ilustrações tanto de
demonstrações matemáticas quanto de cenários e personagens.
Deixando um pouco de lado os conhecimentos matemáticos que são perfeitamente demonstrados
durante o desenrolar da história, é importante destacar o aspecto humano desta obra, e a forma delicada
com que aborda uma questão tão comum entre nossos alunos e que por ser tão trivial acaba por passar
desapercebido. O medo, o pavor, a baixa auto-estima, a desistência, são temas que estão nas
entrelinhas da história, no comportamento do assustado garoto Robert.
Referente ao grupo 3
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